domingo, 25 de dezembro de 2011

Para Outro Lado















Galicia, Antas de Ulle


Toda a vida a trabalhar
Com todas as forças lutando
Para este Mundo melhorar
Convivendo, sempre passando.

Das flores silvestres
Da Serra de Sintra
Às ruínas rupestres
Da Galiza, de Lisboa a Sesimbra

Castelos, praias e mar
Campo, árvores, abelhas
Tal como as ondas, retornar
Fazendo novas as coisas velhas.

Neste quintal à beira mar plantado,
Existia a mais maravilhosa horta
Que produz legumes e frutos e é a porta
... Para outro lado


13.11.2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Empresa

















Dürer, S. Jerónimo


Quem são estes que me querem propor
Um plano de negócios mesmo sabendo
Que há quem saiba fazer e faça melhor?
No reino da imaginação estão eles vivendo.


Condenaram a filosofia, minha velha amiga
A uma opção de vida oposta à prosperidade
Pois confundem música do saber e cantiga
De união, letras inventadas e sabor a eternidade.

Quem tem a experiência tem a verdade
O princípio de começar por fazer o bem
Sem esperar nada por simples reciprocidade
É o rosto anónimo que não é de ninguém.

Mas o rosto, as palavras, a melodia
Vão tomando uma forma construída
Que é afinal a mais sublime poesia
Voando no tempo, da eternidade saída.


08.09.2011

sábado, 17 de setembro de 2011

Pássaro azul















Porta do Sol, Santarém


Voar livre nos céus azuis
É algo que exige sacrifício
Outro dia, um belo pássaro
Veio falar comigo no prédio.

Por entre o fumo e o bulício
Entendi o imenso valor do raro
E fiz do bicho livre um sacrifício:
Estou além do trabalho e do tédio.

Actualmente, estou para lá do limite
Do esforço e do cansaço.
Desejo paz no mundo e no que faço.

Se um dia houver quem me imite
Procure a superação na força do aço
Não com grades, mas no imenso espaço.


21.08.2011

sábado, 13 de agosto de 2011

Anabela















Anabela, que extraordinária mulher,
Defensora dos direitos fundamentais,
Da verdade, da beleza e do ser
Foi um prazer, quero conhecê-la mais.

Mulher empenhada, trabalhadora e dedicada
Às mais nobres causas, luta pela defesa
Dos direitos humanos de todos e de cada
Pessoa, mulher nobre, sangue de realeza.

Possa a excelsa atitude ser exemplo
E inspiração, pois não é sorte nem fortuna
Conhecer a mulher que contemplo
Mas sim a beleza na mulher oportuna.


05.05.2010

domingo, 17 de julho de 2011

4 Elementos














Bandeira da Coreia do Sul


No princípio, fogo.
Ardeu madeira,
Verbo, palavra, logo
A vida é fogueira.

Então ficou a terra
Cresce vide na videira
O segredo que encerra
Reinos e Rei na liteira.

Água sempre a fluir
Evita o obstáculo
Rio a sorrir, criança a rir
A natureza, o espectáculo.

Por fim, o sopro no ar
O vento divino
Termina a começar
É velho e menino.


17.07.2011

terça-feira, 28 de junho de 2011

O Fim da Alegria














«Até no riso o coração sente dor
e o fim da alegria é a tristeza» (Provérbios, 14:13)

A verdade mais extraordinária desse maravilhoso
Livro é que o fim das coisas, sendo melhor que o princípio,
É marcado pela tristeza e pela dor e é glorioso
Pois são esses os sentimentos que governam desde o início.

Confesso que inicialmente, foi difícil entender
Esta grande verdade, porém, o Senhor ma ensinou
Com a tristeza da morte que sobrevém ao ser,
Que sucedeu com outros e que há de suceder ao que sou.

Que no fim das coisas (e das pessoas) há tristeza,
Certamente há pranto e pesar, porque nos faz recordar
Do início delas, quando tudo era alegria e ligeireza,
Porém que tal final é melhor faz a todos pensar.

Entre o princípio e o fim, os que ainda não partiram,
Que andam neste mundo a fazer senão a lamentar
Pelo fim dos que já foram e pelo fim dos que ficaram,
Se tudo dá ao coração dor e se o fim da alegria é pesar?


22.05.2008

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Eros e Psyquê
















Andando Eros vagueando no mundo de desenganos
Eis que encontra Psiquê refugiada no Espírito
De Deus quando lhe lembra: o motivo porque erramos
Reside na força do inconsciente, oculta ao rito
Mas inexorável à mente, que conduz ao prazer que saciamos.

Psyquê escutou e eis que decide servir ao Senhor,
Único Deus, provando assim ao vagaroso Eros
Que o inconsciente não tem nenhum motor
Poderoso que conduza a acção senão o grandioso Deus,
Verdadeiro Mestre, dono e senhor de todo o amor.


22.05.2008

terça-feira, 21 de junho de 2011

Ao Pastor Leonídeo
















Não sei como agradecer
A lição que foi para mim
Com o Senhor aprender
O amor que não tem fim.

Pudera eu um só dia
Entender a imensa sabedoria
Que é a loucura dos fracos
E não estaria com os derrotados.

Permita uma só palavra:
Obrigado - pela mensagem
E até pela própria Palavra
Que dá sabedoria e coragem.

Mesmo que em vasos que quebram,
Somos de água da vida cheios
E podemos encher os que necessitam
De viver e dar vida a vasos alheios


22.05.2008

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Cavaleiro da Paz

















Sou incapaz
De manter uma visão
Particular nem aumentada
De uma só realidade

Sou cavaleiro da paz


13.04.2007

sábado, 4 de junho de 2011

Fisco













Como é que alguma vez poderei
Pagar o dinheiro com aquilo
Que não é meu? Apenas eu sei
O quanto me pertence, isso o aniquilo.

Mas agora, como pode o Estado
Extorquir o que não me pertence?
Que outro nome se dá, para que lado
Foge o gatuno, roubando ao que vence?

Se me deixo ficar já sem a carteira,
Perco o que me faz falta. Mas a malícia
Dos que perseguem quem armou a ratoeira
É que é castigada com bastões de polícia.

Se há aqui alguma justiça, é negra
Como as nódoas que deixam ficar
Na pele dos estudantes. Se há regra
É apenas a de agredir sem parar.


25.11.1993

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Luzes















"Luzes da Floresta", autor desconhecido



Desencontros no consultório da esperança de que me curo:
Dora, que diferença na postura e no tão expedito vestir!
Apenas a voz melada, os olhos doces e o cabelo castanho escuro
Permanecem iguais; tudo o resto é novidade, fluxo, devir.

Pernas tão elegantes no toque do veludo azul que arrepiam,
Enlevam no transporte do andar, e se por minha culpa te zangas

Arrojo-me a teus pés, que nas sandálias cinzentas rodopiam
E vou derretendo devagar no calor negro dessa camisola sem mangas.

E que distante estás da menina que se sentava no chão da varanda,
Enquanto esperava, insondável, impenetrável e imutável a chamada
Para o baile! Hoje és a dama que conduz a corte, és quem comanda
O cortejo e és, oh senhora do ígneo parecer, por este bobo amada.

Quem tão bem cuida das aparências, certamente conseguiu
Derrotar a locubridão do vício, e escolheu por par a vida...
Apesar de distante, no bulício dessa tarde, alegre é quem viu
A beleza no corpo, na alma e na aparência que convida.

A aparição de tanto fulgor, luz e jóias é espectáculo sem demora
Que ofusca mais que mil e uma luzes do salão nobre onde se dança,
Pois breve é a vida e mais efémera ainda é a tua beleza, Dora.

Apenas posso desejar que, envolta em tanto brilho de mudança,
Jamais troques de par, e continues a dançar na vida que se comemora
Para que teu corpo tão atraente seja a aparência da renovada esperança.





09.12.2000

sábado, 21 de maio de 2011

Baco


















Everdingen, "Bachus with Nymphs and Cupid", c. 1660


Sóbrio?
Sóbrio para quê?
Aqui e agora
Há apenas isto.
Vês nisto alguma maldita
Sobriedade?

Será que há,
Na primariedade
E na nossa animalidade
Alguma sobriedade?
Há apenas insinceridade
Temporalidade e vanidade.

Estamos, na verdade,
Todos bêbados.
Há, na nossa passagem
Algo genuíno?
Ou haverá solidão
E a nossa triste,
E infelizmente condicionada,
Bestialidade?


1998

Cronos




















Goya, "Saturno devorando a un hijo", (1819-1823)


O tempo passa...
O tempo vem,
O tempo vai!

O que fica,
Senão o ser
Que foi,
E o ser que
Está para vir.

O tempo
Não traz nada
Senão tempo...
Tudo o resto,
São meras e efémeras
Ilusões.

Não há,
Tudo foi,
E tudo será...
E nada ficará.

O tempo passou...
O tempo veio,
O tempo foi.


1998

Afrodite













Boticcelli, "O Nascimento de Vénus", c. 1485


Vi-te;
Estavas tu ali,
E eu estava aqui.
Tão distantes
Que estávamos,
Estando nós,
Naquele instante
Juntos e contentes.

Não cheguei
A saber o teu nome
(Talvez nunca
Venha a saber),
Mas amei-te,
No entanto,
Naquele momento,
E agora e sempre.


1989

terça-feira, 19 de abril de 2011

Graal

















Drapeau Studieren
, retirado do blogue www.forum-gallecia.net




Sangue real, rei sol
Protegido pela amizade

Envolto em branco lençol
Manta e coroa de lealdade.

Branco meu cabelo
Marca com o valor
Verdadeiro, justo e belo
Sentimento dado - amor

Eis que o sangue e corpo
Celebro, levanto o cálice
Ao alto, espada de luz.

Elevado é o preço da cruz
Delicado sabor que delicia
Todos que meu reino seduz.


22.02.2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cavaleiros de Cristo



















Convento de Cristo, Tomar


Em França, são factos narrados,
Quando Filipe de cognome o Belo
Se uniu ao Papa e seus prelados

Movia-o mais o dinheiro que o zelo.


Tendo perseguido a Ordem Templária

Queimou os cavaleiros em espetos

De pau numa perseguição sanguinária

Por um tesouro que deveria ser dos rectos.


Foi então que, movido por um misto

De compaixão e profecia, D. Diniz

Criou em Portugal a Ordem de Cristo

Que levou a armada a porto feliz.



28.03.2011

sábado, 26 de março de 2011

Mãe















Uma mãe, Maria Pereira de Andrade


Mãe:
Tu que contas
As moedas
Para nos dar
A nós, teus filhos
Para almoçar,
Obrigado.

Tu que
Me vinhas
Dar boas-noites
À cama,
E cobrir-nos com beijos,
Obrigado.

Mãe:
Tu que pensavas
Em nós,
Antes de amar
A ele,
Obrigado.

Tu que
Nos amavas
Por nós sermos
Teus filhos
Que até compravas
As núvens para
Nos fazer felizes -
A ti, nossa mãe,
Obrigado.


17.03.1987

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Lethes


















De todas as dívidas que tive de pagar,
Apenas uma jamais poderei acarretar:
É aquela da malícia, cujo sorriso triste
Mas trocista tu, inacessível destino, cumpriste

Por apenas algum tempo, pouco e parco
Acedeste falar comigo. Foi como ir de barco
De mar em mar, e hoje só olho o Passado,
Como se tudo o que embarcou tivesse naufragado.

Ah! Pudera eu deixar de sofrer por este meu tesouro
Que jaz perdido nas profundezas. Até o Sol de ouro
Parece rir de mim, tão miserável; tivessem sido
Piratas, algo se salvaria, nem que tivesse falido.

Mas, pior do que a morte, mais triste que este atroz
Destino, é tudo o que tenho ser - areia, cal e pós,
Tributo em honra deste amor que não se deu,
E, mais que uma dívida, quem perdeu a troca fui eu.

Para quê tanta infelicidade? Ainda se poderia
Dizer que é melhor ter a ficar a dever,
Mas nem mesmo bom é perder quando se fia;

Tanto pior será gastar esta caravela para ver
Tanto desperdício, e tudo se afundar, a quem mais confia
Nas hordes das marés, e continuar a viver?


1998