Palácio de Biester, pormenor do fresco no teto do quarto de hóspedes
Certa coordenadora de greves dizia um dia
Que na sociedade eu seria apenas um número
Não importava tudo o que eu era ou fazia,
Condição humana, meu destino e não o que quero.
Como se irremediavelmente entregue ao fado
Sem apelo nem agravo, qual casca de noz
Vogando as enormes vagas no bravo mar eivado
A elas nem o povo pode sequer levantar a voz.
Perante tais elucubrações, como ficar calado?
Um dia haverá em que a tirania será de finda era,
Como Atlas criou Gibraltar sem o passar a nado
Nos mesmos ombros em que carrega, condenado, a Terra.
Cantemos, pois, inspirados por ninfas e nereidas
Pois se levamos a eito o peso da opressão,
Temos esta canção como a semente das queridas
08.05.2021