terça-feira, 27 de novembro de 2018

Alquimia

Camões, Os Lusíadas, 1572, p. 6.


Grifo de ouro e de diamante
Que permaneces constante
Na travessia das aparências
Pedra filosofal de todas as essências.

Ensina, sussurrante, o augúrio
Que, ignoto, o futuro reserva
Por sinais, aromas e pelo murmúrio
Da água que nas gárgulas se conserva.

Mais que ciclo de gelo e de degelo
Eterno fluxo de perfeito fluido,
Matéria trabalhada em obra do Belo
Plasmada na perfeição do tempo concluído.

Tanto conhecimento que em amor redunda,
Imenso saber que torna a Terra fecunda
Na pureza dos quatro elementos
Todo que se difunde, espalhado pelos ventos!

Possa transmutar este barro fenomenal
Em alquímico ouro de qualquer metal;
Seja o corpo esse alambique do sobrenatural!

26.03.2018