Havia um tempo em que os serões
Acalentavam grandes conversas à lareira
Ou então no fresco terraço aos verões
Se passavam os anos em amena cavaqueira
Depois veio a televisão, jornais e os mais jovens
Aceleram a comunicação, novos meios de transporte
Os aviões, camiões, sem esquecer os telemóveis;
Ter tempo para estar em família é grande sorte.
A escassez económica e a avareza financeira
Proporcionam a clarividência do futuro:
Tal como hoje, ter menos dinheiro estando à beira
Do precipício, continuando cego no meio do escuro.
Paradoxal visão esta, que me deixa inquieto,
Inseguro e ansioso: para trás a comunidade
De vida identitária; mas para a frente o incerto
Destino da experiência acumulada no avançar da idade.
07.09.2020