Nenhuma sociedade salta para fora da
sua ideologia dominante sem a sofrer,
conhecer, rejeitar, em cada acto revolucionário.
Costa, Maria Velho da, Cravo, Lisboa, Moraes, 1976, p. 104
Um dia mais tarde toda esta aflição
Será mote para esboço de sorriso
Um dia mais tarde, agora ainda não,
Agora, esgares de loucura, pouco siso.
Vida leve se vista em retrospectiva,
Porém pesada se levada dia-a-dia
Quadras partilham essa perspectiva
Duma vida vivida vadia num dia.
Depois virá riso, gozo e regozijo
Mas não hoje, porque o escravo
Não tem folga e o seu jugo é rijo
Como bala no cano de arma sem cravo.
24.05.2021