quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Omnia fui nihil expedit

 

Dragão, escadas do Palácio Biester


Tudo o que era para fazer, já fiz;

Agora um incomensurável e tolo tédio

Preenche-me por completo e faz-me feliz.


"Fui tudo, nada vale a pena", disse o poeta

E agora sou na pele, como ele, um petiz

Que joga à bola e no todo se completa.


Ai quem me dera nada mais haver no universo!

Uma imensa quantidade de galáxias e buracos negros

Que se reduz ao poder sintetizador de um verso.


Todos os insondáveis mistérios e inauditos segredos 

Se resumem a essa plenitude sem terminus nem reverso

E quem subitamente entender abandona todos os medos


E, nesse instante, sem sombra de variação, 

Vive o poeta moribundo desde que dormita no berço

Nessa incompreensível e única aflição

De na acção penetrar o cosmos ficando imerso.



15.12.2022

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