
«... De Mauritânia os monte e lugares,
Terra que Anteu num tempo possuiu
Deixando à mão esquerda, que à direita
Não há certeza de outra, mas suspeita.»
(Camões, "Lusíadas", V, 4)
Haja civilização lusitana que deu o mundo a conhecer
Nestes nativos da república que se diz portuguesa.
Possa o povo que já possuiu as terras do amanhecer
Ter também o interior das muralhas da sua defesa.
Mauritânia de exóticos sabores e esquisitos costumes
Hoje vens ensinar os patrícios acerca da tradição
Pois o culto e a família foram suprimidos numa nação
Onde apenas os ricos e os poderosos ficam incólumes.
Cristãos que ofertavam com a direita e a esquerda
Aprendem agora com os árabes os princípios de higiene,
Num caldeirão de culturas onde a grande perda
É do individualismo perante o colectivo mais perene.
O que levou os portugueses a descobrir novos mundos
Foi a curiosidade, a sede de desvelar o desconhecido,
Que moveu vontades, propósitos, templários e fundos
Até partir para partes que sonha o homem adormecido.
Em duas metades dividimos a esfera terrestre:
Uma, onde habita a novidade, a aventura
A outra, velho continente, onde o saber é mestre.
Ambas existiam, desconhecidas e ignotas
Antes de serem homens a elas levados
Por secretos mapas e ocultas rotas.
22.05.2010